3 de janeiro de 2018

Decénio (2008 / 2018).


   Considero leviano fazer resoluções de ano novo. A vida é tão imprevisível que não podemos determinar um percurso a 365 dias, a menos que saibamos mais do que o comum mortal. Creio que a única resolução possível, e equilibrada, é a de procurar sobreviver ante tantas adversidades e contratempos.

    O blogue comemora dez anos em 2018 - calma, não me dêem os parabéns ainda, só em Maio. Pensei em fazer algo diferente. Dez anos é realmente pouco numa vida humana; no limite, será pouco pela internet, se nos cingirmos a uma conta de facebook, de twitter, de instagram. Dez anos, para um blogue, é relativamente bastante, sobretudo num blogue de escrita de um jovem, e isso marca a diferença. Num blogue transformado em twitter ou em facebook, de publicações rápidas e imediatas, pouco será o mérito, reconhecendo que há mérito. Um blogue de crónicas que sobrevive ao tempo, à vontade, à disponibilidade e ao empenho, sim, merece ser comemorado. Do meu tempo, noventa e oito por cento dos blogues não existem mais. Muitas dessas pessoas mudaram-se para o facebook, que foi, e continua a ser, o grande carrasco destas plataformas mais antigas. O blogger remonta a 1999.

    Qual é a minha ideia: uma vez por mês, inserido na rubrica Era uma vez em... (ano), republicarei um texto meu antigo, que considere interessante reler, tal e qual como foi escrito, até para que eu e os leitores façamos a análise entre quem fui, e como escrevi, e quem sou. Entre outras ideias que pontualmente me venham surgindo. É um ano comemorativo, mas não vos maçarei com uma comemoração que é minha. Entretanto, quero fazer mais do que uma simples publicação de décimo aniversário em Maio. O blogue, que continua a ser a minha plataforma por excelência - tenho outras - merece-me mais. Em rumo contrário à blogosfera, o blogue está de saúde e recomenda-se, porque continua a fazer-me sentido. Não é um fardo, como o é para muitos. É um espaço que cultivo com interesse, e até carinho.

   Não acredito minimamente que a blogosfera recupere o esplendor que teve em anos. As pessoas, algumas, continuam a ler, embora comentem pouco, ou nada, o que também não me preocupa. Ser uma pipoca nunca me pairou como objectivo, ainda menos comercializar o blogue, que por dois anos passou ao lado dos olhares curiosos (justamente na sua fase embrionária, de 2008 a 2009). Escrevo não em busca de estrelato ou de popularidade. Escrevo porque gosto, quero e me sinto bem.

   Iniciemos, então, este ano comemorativo.

9 comentários:

  1. Curioso com o que aí virá :) Ainda vou a caminho do 8º eu?! Jasus

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    1. Heheh :)

      Lá chegarás. Faltam-te só dois anos.

      um abraço, amigo.

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  3. Andei pelo seu arquivo, não extensamente, devo confessar, mas li uma ou outra coisa aqui e acolá, e dei conta da existência de um jovem (tem idade para ser meu filho, quase neto, claro) que sabia pensar, escrevia bem, mas com problemas próprios da idade que tinha.
    Eram coisas mais pessoais, o que é refrescante e elucidativo para pessoas mais velhas como eu, que, infelizmente, acabam por ter dificuldade em conseguir acompanhar o que vai preocupando as gerações mais jovens.
    Tento, algumas vezes obrigo-me mesmo (nem sempre é fácil), estar atento às novas gerações, pois delas é construído o nosso futuro.
    Permanecer no meu ninho, na minha "torre de marfim", seria muito mais confortável e menos preocupante, mas passaria a viver uma vida artificial, de "faz de conta", desconectada. Não é um objetivo meu!

    Também sei que não é o jovem típico da nossa sociedade, mas reparo que representa uma camada que poderá desempenhar um papel importante nela.

    Entretanto, e naturalmente, amadureceu, os seus assuntos passaram a ser diferentes e gostei de muitos dos que resolveu "atacar". Um número apreciável deles eram, e continuam a ser, preocupações minhas - temos em comum o prazer pela história e sua análise.
    Claro que as formas de pensar e ver os problemas não são os mesmos, mas reparo na sua lucidez e racionalidade, e é por isso mesmo que é interessante e refrescante, pois monólogos não são intelectualmente compensadores.

    Não frequento muitos blogs, falta-me o tempo e a paciência para ler coisas que nada têm a ver comigo ... aliás, a maior parte deles desapareceu, indicativo do pouco empenho, profundidade e gosto de quem os desenvolvia.
    Talvez fosse pelo melhor, não há como o tempo para selecionar e fazer sobreviver o que realmente vale a pena.
    Mas confesso que um ou outro, raros, deixaram saudades.

    Ficarei curioso sobre qual a direção que irá dar a este seu espaço, ao qual desejo desde já os melhores sucessos.
    Um bom final de semana que já se avizinha
    Manel

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    1. Também noto essa evolução. Era muito miúdo quando me iniciei nestas lides, em 2008, e torna-se de certo modo interessante verificar o meu amadurecimento. Tornei-me menos intempestivo e mais racional nas minhas análises. É da idade. :)

      Referiu algo importante: o tempo faz a escolha entre o joio e o trigo. A maioria dos blogues banais acabou por ceder. Não passavam disso mesmo: de plataformas quase feitas em série. Dava-me conta de que seguia blogues que bem podiam ser escritos pela mesma pessoa, tal o seguidismo. Por muito tempo lá surgia um post meu, diferente, no meio de um todo uniforme.

      O blogue assumiu um cariz cada vez mais conforme aos meus interesses. Digamos que o Mark cedeu, e ainda bem que cedeu, ao mundo, à história, às artes, à política.

      Muito obrigado pelas suas palavras e por estar desse lado.

      Um bom final de semana.

      Abraço.

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  4. Sinto o mesmo que tu... De que adianta ser-se seguido por 100 pessoas se 90 nada dizem? O Blogger foi uma febre como quantas outras... é pena.

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    1. É... Eu nem ligo aos seguidores, até porque, se reparares, hás-de ter entre eles muitos que já nem existem. Os quadradinhos ficam lá. :)

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  5. Depois de um breve recesso estamos de volta.
    Feliz 2018!
    Concordo mas não desisto ... rs

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