30 de julho de 2011

Nos teus olhos.


Nos teus olhos vejo a alegria, a esperança, um íman que me atrai para retribuir o olhar. Deitado, unindo-me aos meus pensamentos, consigo ver com total nitidez o brilho do teu olhar, as rugas de expressão do teu rosto, na área circundante aos olhos, quando olhas sob um raiar forte num dia de sol. Vejo-te sentado naquele paredão tão nosso, com as pernas a balouçar por entre uma brisa de final de tarde. Os teus ténis, usados e gastos pelo tempo, revelam a humildade que há em ti, uma amostra selvagem do que viveste, do que és, do que sentes.
Sentas-te, de pernas abertas, apoias os braços no teu corpo sólido e deixas-te ficar, inerte, a meu lado. Nunca sei o que dizer. Contemplo, apenas, a magia que sinto e vejo nos teus olhos. 
Consigo ser tão teu sem o ser.

28 de julho de 2011

Deixei-os de fora.


Hoje, que a escuridão me tomou, preciso de ti mais do que nunca. Hoje, que o sol teve uma luz fria, senti-me desamparado, sozinho, precisando de um porto seguro. Hoje, o calor foi angustiante, os passos pesados e o clarão nada mais do que uma névoa amarga que sobrevoou os meus pensamentos.
Deitei-me sobre a cama, abraçado à minha almofada e pensei que estavas lá. Deixei os monstros lá fora. Fiquei contigo... até acordar.

25 de julho de 2011

Praia.


Depois de um mês patético no que diz respeito a praia, o sol parece querer voltar a iluminar um pouco os nossos, até então, pálidos dias de verão.
Combinámos há uns dias e proporcionou-se para hoje irmos até à praia, eu, umas amigas do colégio e uma prima.
Adoro praia. É tão revigorante poder retemperar as energias depois de um ano exaustivo de aulas, naquele que foi o meu segundo dia de praia deste ano... Há imenso que não me divertia tanto. Falámos, corremos um pouco, brincámos na água, naquelas típicas brincadeiras de praia, enfim, aproveitámos a diversão que o dia nos facultou. Éramos o grupo mais animado naquele espaço em que nos encontrávamos e conseguimos provocar algum burburinho num grupo de rapazes que se encontrava não muito distante de nós. Ter-me-ão imaginado um amigo delas ou o namorado de alguma? Pensando bem, pelo teor das nossas brincadeiras, mais parecia um amigo e nada mais do que isso. Foi engraçado porque no momento em que íamos para a água, subitamente os rapazes erguiam-se e também eles se dirigiam para a água. Cochichavam coisas entre eles e cheguei mesmo a imaginar algum a interpelar-nos de forma mais direta... Não aconteceu.
Gostei do dia. Fez-me sentir mais eu novamente. A faculdade secou-me um pouco, tornando-me mais sério e compenetrado. Sinto que o mesmo trespassa, inclusivamente, na minha escrita. Os meus textos atuais são menos espontâneos e alegres quanto os do ano passado por esta altura.
Consequências de novas vivências ou de um amadurecimento progressivo enquanto pessoa...

23 de julho de 2011

Alejandro.


Adorei a tarde. Fui à casa da tia, de tarde, e estive umas horas com as primas. Colocámos a conversa em dia, as novidades, etc. Elas falaram-me dos projetos, dos namorados, do que pretendem fazer nestas férias... Para além de, muito provavelmente, passarmos uns dias de agosto juntos na praia, decidimos que temos de retomar em breve o nosso curso de inglês na Cambridge, lugar onde não ponho os pés há imenso tempo, há bem mais do que uma delas...
Acabámos a ouvir música altíssima, coisa que não posso fazer em casa porque é de mau tom e atenta contra as enxaquecas periódicas da mãe, ahahahah. Ouvimos de tudo e dançámos ainda mais, incluindo a Alejandro da Gaga. Por mais músicas e singles que ela lance, Alejandro terá sempre um lugar cativo na minha lista de preferências. Dancei-a de uma forma livre, descomplexada, sentindo todo o ritmo da música.

"Don't call my name, Roberto..."

22 de julho de 2011

Dia de Sol.


Um passeio juntos, parece-te bem? Um passeio pela estrada longa e pouco íngreme, aquela estrada que nos levará até ao jardim que termina num banco de madeira entre duas solitárias e imponentes árvores. Imagino-te de camisa de alças negra, revelando os braços desnudos e bem mais fortes do que os meus. Os teus óculos ray-ban tornam-te mais sedutor, mais senhoril, terminando num toque de charme absoluto. Pegas-me na mão e encaminhas-me ao teu lado, na estrada vazia, até chegarmos, por fim, ao nosso destino. Consigo sentir a luz do sol sobre a minha pele clara, o calor do corpo, os pés batendo ruidosamente no chão, a brisa embatendo contra o meu rosto. Ao longe, escuto o barulho dos carros na estrada que se encontra afastada, mas perpendicular à que nos encontramos. Sinto-me tão feliz...
Promete-me que o tornas realidade. Aguardo por isso.

19 de julho de 2011

Um Ano Depois...


... é chegada a altura de fazer o balanço deste primeiro ano letivo na faculdade.
O tempo, de facto, passa sem que dêmos conta dele. Parece que foi ontem que me candidatei, que fiz a matrícula e que, por fim, começaram as aulas. Lembro-me dos primeiros dias de aulas, do ritmo frenético de matéria que tive de absorver, dos colegas que não conhecia, das conversas que ouvia e que eram tão diferentes de tudo a que estava habituado até então. Lembro-me, também, de sentir algum desconforto por não ser tratado com tanta atenção quanto o era no colégio e foi, efetivamente, um dos aspectos que mais me custou.
As semanas iniciais foram estranhas, parecia que não estava no meu mundo. Uma amiga minha do colégio acompanhou-me no curso, mas ficou numa turma diferente, o que me isolou mais um pouco. Resultado, não conhecia ninguém.
Aos poucos, fui conhecendo mais pessoas, fazendo amigos, pese embora o facto de eu não ser de fáceis intimidades.
As notas foram sempre boas e não deixei nenhuma cadeira para trás. Estudei - estudei, é verdade - mas compensou. Andei meses a estudar quatro horas por dia, todos os dias, sendo que cheguei a estudar seis em altura de testes ou exames. Vale o sacrifício. Hoje, vejo os meus colegas com disciplinas atrasadas e a fazerem sacrifícios enormes que não fizeram durante o ano todo, incluindo, claro está, noites em branco, litros de café... Foi incomodativo, mas hoje descanso de consciência tranquila sabendo que o dinheiro que a mãe e o pai investiram em mim foi bem aproveitado e valorizado.
Aprendi imenso. Aumentei e em muito os meus conhecimentos. Sei coisas de que nem suspeitava o ano passado por esta altura, detalhes mínimos que fazem parte do nosso quotidiano, mas de que nem nos apercebemos da sua existência. Li mais de duas dezenas de livros, o que me enriqueceu enquanto pessoa e enquanto futuro profissional nesta área tão exigente.
Conheci o R. É inevitável não falar dele. Recordo-me da primeira vez que o vi, no auditório, das primeiras palavras que trocámos, do primeiro abraço, do primeiro almoço, do primeiro sorriso e das primeiras confidências.
Sinto uma enorme expectativa relativamente ao que virá para o próximo ano, uma agradável sensação quando constato que ainda posso viver muito ao seu lado. Por vezes, dou por mim a cogitar sobre situações que podem ocorrer, palavras que lhe posso dizer, momentos que posso propositadamente provocar com vista a auferir daí os resultados pelos quais tanto anseio...
Apesar de tudo, não estou ansioso pelo início das aulas, pelo contrário, e quero muito aproveitar estas férias. :)

18 de julho de 2011

Cenas... #1



Engraçado... No outro dia, ao navegar pelo YouTube, dei por este vídeo que achei interessante. É uma cena de uma novela do nosso país-irmão, o Brasil, e mostra-nos um rapaz a apresentar, ao seu grupo de amigos, o seu namorado. Fiquei enternecido e decidi que deveria partilhar esta cena que considero simples, mas bonita. :)


P.S.: Gostei muito da versão da música True Colors do Phil Collins e do ambiente de praia.

16 de julho de 2011

Sim, sinto.



Sim, sinto aquela doce inveja sempre que vejo um casal de namorados exibindo o seu amor. Sou tomado por uma sensação de que aqueles poderíamos ser nós num qualquer outro mundo, talvez mais simples, onde tudo não precisasse de ser tão pensado, premeditado, mascarado.
O casal que vi hoje deveria ter a nossa idade. Ela agarrava-o pelo pescoço enquanto o beijava ternamente nos lábios. Ele, masculino, passava as mãos pela cintura dela, apertando-a contra o seu corpo. Invejei-a, sim, invejei-a por momentos com todas as minhas forças até porque ela não era nada de especial. No entanto, vivia o seu momento como se de uma rainha se tratasse. Ele também.
Nós também, fosse menor a tua culpa.


15 de julho de 2011

Acompanhei Mais Um Sucesso Teu.


Ontem regressei à faculdade. Estranha sensação, esta, de me ver num estabelecimento de ensino em pleno verão. De fato e gravata ainda se torna mais complicado. Enfim, formalidades que me acompanharão para o resto da vida (que espero auspiciosa e longa). As formalidades no vestuário têm feito parte da minha vida desde sempre, uma vez que usei uniforme no colégio durante muitos anos. Só me libertei das calças de fato, das camisas e das gravatas quando fui para o ensino secundário.
Não fui à faculdade por mim; fui para acompanhar uma oral de recurso do R. Fui para assistir e para lhe dar algum apoio moral, mesmo que da parte da assistência. Acho-lhe uma graça quando o vejo de fato e gravata. O incómodo que a situação e todo o protocolo lhe causa chega a ser hilariante.
Passou toda a manhã a enviar-me sms porque certamente estaria muito nervoso. A sua oral foi de tarde, mas como ele vive fora da capital tem tendência a chegar mais cedo, não vá acontecer alguma coisa. Eu cheguei à faculdade uma hora antes da sua oral e fiquei completamente aterrorizado quando o vi com a gravata solta no colarinho da camisa, a camisa de fora das calças e os botões de cima abertos. Estava nervoso porque, apesar de já ter a passagem garantida, quantas mais cadeiras ficarem feitas, melhor. Quando faltava uma meia hora para a sua oral, fomos ao banheiro do piso em que nos encontrávamos e resolvi ajudá-lo. Ajudei-o a apertar de novo o nó da gravata, ajeitei-lhe a camisa depois de ele a colocar de novo por dentro das calças e ajudei-o a vestir o casaco. O fato fica-lhe incrivelmente bem. Assenta-lhe otimamente, até porque como ele tem uma tonalidade branca de pele, o preto, azul-escuro e cinzento sobressaem particularmente. No momento em que lhe apertei o nó da gravata, tive novamente aquele impulso para o beijar, mas achei que poderia dar mau resultado. Senti o cheiro do seu after-shave suave e do champô do seu cabelo, juntamente com o aroma imaculado da sua camisa branca que exalava um cheiro característico de roupa engomada. Se fechar os olhos, creio que ainda consigo sentir todas aquelas fragrâncias na minha memória. Dei-lhe um abraço e disse que tudo ia correr bem. Não me importei. Não foi um abraço à homem, foi um abraço mais demorado e apertado. Ele envolveu-me nos seus braços e quando passou a mão no meu cabelo, por trás, senti um arrepio na pele.
A oral correu-lhe bem. Eram apenas seis. Não foi aquele exame maravilhoso, mas quando acabou e antes da deliberação do júri, disse-lhe que sentia que pelo menos conseguiria o dez. E conseguiu. Ficou feliz, claro, mas também não dependia desta nota para transitar de ano.
Tínhamos uns planos para o resto da tarde, mas confessou-me que não dormira nada na noite anterior para estudar, ou seja, estava em pé num regime de quase direta. Eu, que não consigo, de todo, fazer diretas, fui o primeiro a concordar que o melhor era ele descansar.
Comemorámos com um sumo no bar da faculdade. :)

12 de julho de 2011

Não Dispenso O "Happy Ending".


Seria tão bom se as histórias da vida tivessem sempre aquele final feliz, como nas fábulas e nas histórias de encantar em que o vilão acaba morto e a mocinha e o príncipe encantando vivem felizes para todo o sempre.
A vida não se compadece de vitórias justas do bem sobre o mal e quantas e quantas vezes não temos provas conclusivas do contrário...
Sonhei um final feliz para a nossa história. Um final em que tudo acabasse bem. Há quem o diga... Sim, há mesmo quem diga que a felicidade existe e está presente nos pequenos momentos que se partilham, nos pedaços do quotidiano que escrevemos todos os dias, naqueles momentos fugazes, aparentemente banais, mas que no fundo revelam vivências que para sempre nos marcarão enquanto vivermos. Depois, chegada a época do balanço final, qual juízo das ações terrestres, seremos ou não felizes consoantes os momentos mais ou menos felizes que tenhamos vivido. Se tivermos mais momentos felizes, consideramos a nossa vida como uma vida feliz; se tivermos mais momentos infelizes, a vida terá, certamente, sido infeliz.
Discordo. Eu não dispenso o final feliz independentemente de tudo o que tenha ficado na névoa escondida do tempo. Aquele último suspiro que me diga: "Sim, foste feliz!"
A vida é curta, sim, é-o, porém com dias suficientes para que a caminhada seja uma constante preocupação em busca da felicidade que, como conceito amplo que é, varia para cada um de nós.
Mas o final, esse final, terá necessariamente de ser feliz. Feliz como eu desejo, porque não dispenso o meu happy ending.

8 de julho de 2011

Live 8 - Seis Anos Depois



Há seis anos atrás, em 2005, por estes dias, realizaram-se os concertos inseridos na iniciativa Live 8 que, assim como o seu antecessor Live Aid de 1985, pretendia alertar o mundo para os problemas reais e bastante sérios que o continente africano atravessa. Cantores e bandas como os U2, Paul McCartney, Madonna, Alicia Keys, Elton John, Stevie Wonder, entre muitos outros, encheram vários palcos espalhados pelo mundo e reuniram, à sua volta, milhões de espectadores.
Recordo-me de estar pacientemente à espera de ver a performance da Mariah, que iria atuar no Live 8. Não sabia a hora, apenas que estaria no palco de Londres. Estive toda a tarde a ver atuações que não eram do meu agrado para não haver a mínima hipótese de perder a Mariah entrar sem que eu estivesse presente. Lembro-me que lá cantou de noite e que passou na RTP N, salvo erro.
2005 foi um grande ano para ela. Voltou à ribalta com o seu recente (à época) The Emancipation of Mimi, que vendeu mais de dez milhões de cópias pelo mundo e foi o álbum mais vendido, em 2005, nos E.U.A. Com ele viria a ganhar, no ano seguinte, três Grammy Awards, numa cerimónia em que a sua prestação, uma das melhores de sempre da cerimónia, lhe rendeu uma standing ovation.
No vídeo, um dos três temas apresentados pela Mariah no Live 8, Make It Happen (álbum Emotions, 1991).

7 de julho de 2011

Perto de Ti.


A segurança que me transmites é insuperável por qualquer força exterior. Sinto-me bem, protegido pelos teus braços mesmo sem os sentir, pelo teu corpo mesmo sem o tocar, pelas tuas palavras que ouço atentamente.
Sonhei dia após dia com um herói, um qualquer herói que poderia passar por aqueles tão comuns em banda desenhada. Tu és esse herói para mim. Não tens todos aqueles poderes mágicos e irreais, mas sabes salvar-me dos momentos em que tudo parece desabar sobre mim. És a força protetora pela qual tanto clamei. O refúgio seguro para esconder toda a dor, todos os monstros que povoam o meu imaginário. Sei que me protegerias de todo o mal, de tudo o que me pudesse atormentar.
Perto de ti sinto a paz, o conforto que só o calor da tua presença consegue preencher. Perto de ti sinto-me capaz de prosseguir em frente. Nada me pedes em troca da tua presença.
Perto de ti sinto-me mais e mais feliz, como se um qualquer sorriso valesse bem mais do que toda a alegria em nosso redor.
Não tens uma capa mágica, um poder especial de super herói ou capacidades invulgares e extraordinárias, mas fazes-me bem. O meu doce herói. Isso é tudo o que importa. A forma como me sinto quando estou perto de ti.

5 de julho de 2011

Sempre Que Tu Me Quiseres.


Recordo-me da primeira vez que te vi. O momento em que falámos parecera-me tão breve que mais se assemelhava a um instantâneo. A luz que entrava pela grande janela que se erguia na densa parede de madeira sobressaía a tez alva da tua pele. Os olhos, verdes, surgiram-me húmidos e brilhantes. Fitavam-me profundamente e tive medo que desvendassem o que sentia. Medi as palavras, cada uma, de forma a demonstrar segurança, a segurança que não tinha. As mãos, agora escondidas, encontravam-se húmidas, num dia particularmente fresco de final de verão.
Recordo-me da tua camisa de algodão. As cores dos padrões vermelhos e pretos de cada quadrado continuam vivas na minha memória. O botão inicial, aberto, mostrava o teu peito branco, cândido, num triângulo invertido que culminava na doce abertura. A vontade de ver um pouco mais era agora bastante real.
A voz não poderia sair trémula. Seria um sinal de fraqueza, fraqueza que não queria trespassar aos teus sentidos que pensara - e com razão - atentos, atentos a cada movimento meu, a cada olhar, a cada palavra, a cada gesto.
Oh, como me senti só quando aquele momento acabou. Foi tão curto, mas tão incrivelmente rico em conteúdo, em emoções que fizeste nascer quando menos esperava.
Recordo-me, também, do nosso primeiro almoço. Refiro-me ao primeiro embebido num clima especial, nosso. De toda a atenção, dos gestos de simpatia que cresciam a cada momento, das pequenas traições que cometi a mim mesmo quando jurava, cá dentro, que me manteria lúcido e atento a cada rasteira que poderia eventualmente surgir.
O teu "quando quiseres estudar junto comigo" era agora um derradeiro golpe em mim.
Claro que quero, mesmo que não o diga perentoriamente, mesmo que tal te pareça um favor da minha parte.
Quero e quererei sempre.
Sempre que tu me quiseres.



Perentoriamente, escrito ao abrigo do Acordo Ortográfico vigente.

3 de julho de 2011

Amar.


Não sei explicar o que sinto por ti. Talvez as palavras se revelem insípidas quando os sentimentos não conseguem ser expressos numa qualquer folha ou ecrã de computador.
É uma vontade de querer estar perto, a dor da partida, a ânsia com a chegada, a vontade inexplicável de te sentir junto a mim. Há quem descreva como as doces borboletas que se agitam fortuitamente na nossa barriga. Eu sinto uma trepidação como se as mesmas doces borboletas se evadissem por todo o meu ser.
É aquele dia de sol que não tem fim, são aqueles pequenos momentos que tornam o dia mais cinzento no melhor. É a cor do crepúsculo que se torna mais bela, o verde da relva que brilha molhado e fresco ansiando pelos nossos corpos rebolando suavemente sobre a doce textura de uma pradaria.
É querer viver do calor dos teus abraços, da ternura dos teus achegos quando me deixasse dormir no conforto do teu colo. É querer-te por completo e não apenas pela metade. É aprender a amar na plenitude os teus defeitos, transformando uma repulsiva cicatriz numa característica do teu corpo. É cegar perante o que outrora nos pareceria óbvio.
É mais do que tudo o que poderia dizer.
Amar não se escreve.
Amar sente-se.

1 de julho de 2011

A Queda de Um Anjo


Quanto mais o tempo passa, mais o mundo se apercebe que a era da Europa findou. A velha Europa, como é conhecida no Novo Mundo (Américas), perdeu a sua hegemonia secular logo após a I Guerra Mundial, que lhe trouxe pesadíssimos problemas económicos que jamais lhe permitiram alcançar o estatuto perdido.
A era norte-americana tinha apenas começado. Com a II Guerra Mundial, o prestígio da Europa continuou em decadência, sendo que agora não tinha apenas um, mas dois rivais de peso: juntava-se aos EUA a não menos poderosa URSS. Para contrabalançar o desprestígio e o ódio criado pela Alemanha, conseguiu a Europa afirmar-se perante o mundo com a França e o Reino Unido a reivindicarem um lugar de potências vencedoras, ajudados também por terem sido devastados pela ira hitleriana.
O advento da descolonização, iniciado logo após o término da Guerra, ajudaria a velha Europa a afundar-se progressivamente. Até então, o Reino Unido e o seu gigante Império ocupavam uma boa parte da superfície da Terra. Primeiro as descolonizações do Sudeste Asiático seguidas pelas descolonizações em África.
Com novos desafios se deparava a Europa nos anos setenta e oitenta do século XX. O mundo já não lhe pertencia e agora a solução era a de manter uma postura subserviente perante as duas superpotências de então.
Atualmente, encontramos uma Europa velha - mais velha do que nunca, desgastada e completamente arruinada. Explorada dentro de si própria por quem, mais astuto, sabe tirar partido dessa situação (Alemanha).
Chegou a altura dos povos anteriormente ocupados e explorados reivindicarem a posição que lhes é devida. Temos o caso do Brasil, da China e até mesmo da Índia. A China, que também teve ocupação no seu território - vejam-se os casos de Hong Kong e Macau - foi obrigada a abrir a sua economia à poderosa Inglaterra, no século XIX, ao perder com esta última as famosas Guerras do Ópio.
Hoje, a Europa precisa de todos e ninguém mais precisa da Europa. A dependência face às potências emergentes é por demais evidente. Portugal, outrora possuidor de um dos maiores impérios coloniais do mundo, necessita urgentemente - e aí está o caminho - da ajuda da sua antiga maior e mais rica colónia, o Brasil. A pátria-mãe da democracia, a Grécia, verdadeiro berço da civilização ocidental, encontra-se no estertor de uma morte lenta e dolorosa.
A Europa afigura-se, por fim, a um anjo que cai do Paraíso. A queda final. Espera, pacientemente, pelo golpe de misericórdia que a tornará, quem diria!, num dos continentes menos importantes do mundo.